Hoje vou falar sobre o "Mito da Publicidade", uma aula que tive na faculdade, muito legal!
De maneira geral, as sociedades tribais equacionam bem produção e consumo, essa relação se dá de forma equilibrada.Já na sociedade de consumo, a nossa sociedade, essa relação acontece de forma diferente: o consumo é subordinado à produção.Isso acontece porque o primeiro tipo de sociedade funciona com base em um sistema de subsistência; já nós, funcionamos com base no comércio, o sistema de geração de excedentes.
É preciso que tenhamos atitudes cientificamente antropológicas no sentido de desnaturalizar a propaganda, entender que o mundo dos anúncios é algo cuidadosamente projetado.Devemos perceber também que o discurso deste tipo de construção tem significação e é o próprio fato social, representa assim um pensamento lógico: o pensamento burguês.
A proposta de uma propaganda, geralmente, é simples: vender, influenciar, aumentar vendas/consumo/lucro, educar e informar.Podemos identificar o profissional dessa área como um vendedor cuja mercadoria é a imagem.Os formatos das peças publicitárias giram em torno de algumas propostas: denunciar a carência da vida real (tudo que se vê no anúncio desperta desejo, pois é aquilo que nos falta ); apresentar mundos idealizados; e por último criar novas necessidades (quantos de nós já não almejaram alguma coisa que nunca pensamos precisar antes?).
Sendo assim, podemos entender a publicidade como mito: uma narrativa que circula em uma sociedade legitimando poderes, mantendo o estado e as ordens pré-estabelecidas e socializando indivíduos
Já o anúncio, pode ser lido como um ritual, no qual o mito é posto em prática.Para tornar a compreensão disso mais fácil, pensem agora nas famílias felizes que tomam o seu farto e saudável café da manhã, todos juntos à mesa, em um dia ensolarado...Em volta da MARGARINA!Pois é, um comercial de margarina é o exemplo mais concreto de ritualização do cotidiano que vem a minha cabeça agora.
Em volta de todo esse trabalho existe também uma aura de magia...Pois a publicidade exerce sobre nós uma atratividade enorme, é como se naquela moldura da narrativa mítica do comercial todas os nossos problemas fossem resolvidos; sendo o grande herói dessa história: o produto.Uma pessoa pode mudar a sua vida se comprar a bebida X, fumar o cigarro Y, vestir a calça Z, usar o perfume A, limpar a casa com o produto B,etc.
A publicidade concretiza então, aquilo que chamamos de :"totemismo"; pois o produto passa a identificar, proteger, resguardar um certo clã, como um totem.No processo de produção o produto passa de algo plural, múltiplo, indistinto e impessoal para algo original, definidor de caráter, único, pessoal e indispensável (tal mudança ocorre quando ele entra no mundo do consumo).Esse produto,então, simboliza algo muito além da sua materialidade, ele representa atitudes, estilos de vida, tipos sociais...Dessa forma, o consumo vai organizando o mundo entre os que têm e os que não têm, os que usam e os que não usam...Vamos nos dividindo de forma passiva, nos deixando distanciar, pois sentimos cada dia mais medo da perigosa abolição de fronteiras entre o mundo do eu e o mundo do outro.Mas fica a pergunta: O que houve com aquilo que somos e aquilo que não somos?
Legenda: "Se o cara que inventou o provador bebesse Skol, ele não seria assim./ Seria assim."
Exemplo emblemático, aqui, vende-se algo além de cerveja, certo?!
post em prol da publicidade do bem =) xo.